A visão de que num pais rico como o Japão a vida é carae dificil pode ser deduzida da comparação objetiva de dados. Contudo, não abrangi- toda a verdade. Não dá conta do que os japoneses sentem a respeito, nem dos benefícios que tiram dessa riqueza. Pela limitação de seus recursos o Japão foi sempre pohre. os japoneses sempre estiveram acostumados li um intenso trabalho, a sobriedade foi sempre uni de seus característicos. A .sua moda, hoje aproveitam uma riqueza que ainda não tinham conhecido. Além de certo consumismo e de uma discreta... ostentação, é claramente visível uma satisfação e bem estar econômicos de toda a população. A prosperidade não impõe, entretanto, o desperdício, nem a riqueza obriga ao relaxamento e ã indolência. Os japoneses não se comportam como novos-ricos. mas como antigos, pobres que alcançaram a abundância, continuam economicamente sérios e austeros, como geralmente são nas outras coisas.
Embora a riqueza do pais seja o lato que mais salta ã vista, a força mais importante que aciona sua economia e sustenta seus mercados e o grau que a distribuição de renda alcançou no Japão.
O que explica a riqueza, a fartura, a pletora de outra forma inconcebível dos depato é que todos os japoneses tèm acesso a eles Nada é caro quando se pode pagar os preços, e quando a renda é suficientemente distribuída todos podem pagá-los. O fato mais importante da economia japonesa não e tanto a riqueza de sua produção, mas a fartura de sua distribuição: e esta que explica o escoamento daquela, em poucos países o abstrato indite de renda média per capita está mais peno tia renda concreta que cabe por cabeça a cada japonês. Indicado res das pequenas diferenças tie remuneração existentes entre diretores tie empresa e o mais modesto empregado e entre as diversas categorias profissionais tal vez façam tio Japão a nação que em todo o mundo alcançou o maior grau de democratização da riqueza O Japão não é apenas unia nação com 60 milhões de produtores: é. sobretudo, uma nação com 125 milhões cie consumidores com rendas altas muito semelhantes.
Ainda em Tokyo, li no Japan Times a notícia de que o Japão alcançara a maior renda per capita do mundo, com USS 23.022, contra USS 21.022 da Alemanha Ocidental, USS 18.163 dos Fstados Unidos e USS 13.39s) da Girã-Bretanha. Em matéria de poder aquisitivo, que define o nível de vida. estava entretanto em 3" lugar, abaixo dos listados Unidos e da Alemanha Ocidental. Em outras palavras, os estudiosos confirmam por números um falo que entra pelos olhos.
A questão é tão mais intrigante por ler uma lace paradoxal. Não é só o país que e rico: o japonês é o homem que mais ganha no mundo e o Japão é o país onde a renda se acha melhor distribuída. Morita popularizou mundialmente a verdade que 95% dos japoneses são classe média. Não há salário mínimo, mas o mínimo dos salários está por volta de 250.000 yens mensais (USS 2.000). Não vi senão dois pedintes no Japão, e não eram mendigos: um era um monge budista que fizera voto de pobreza e outro, aparentemente, um excêntrico que, sentado em uma calçada da Cinza, cantava baixinho canções nipònicas com uma cuia de esmolas à frente...
Em Osaka, pedi e fui ver um bairro pobre. Não corresponde ã noção que temos de pobreza apesar de seu evidente decaimento. Do presidente da maior empresa ao seu office-boy (se existe tal coisa) a diferença de salários é de ~ vezes apenas — 15 a 20 nos Fstados Unidos e na Europa. A renda familiar média está por volta de 500 mil yens. O padrão de vencimento de um médico é de 725 mil yens; o chefe de secção ganha 422 mil yens. Têstemunhou-me um casal de professores universitários com dois filhos adolescentes que os filhos de um casal de jardineiros competem (com vantagem contra os seus) em nível de consumo. Um jardineiro cobra por seu trabalho 10.000 yens diários. Pelos modos e pelo traje é impossível distinguir um banqueiro de seu chofer, ambos sentados à mesa de um restaurante. Parte ponderável da elite japonesa — entre ela a de grandes empresários — cultiva a vida morigerada. Alguns chegam ã ascese.
Ouvimos respostas das mais variadas ã nossa intrigante questão. Para uma professora, o socialismo não deve ser buscado em Cuba, mas no Japão.
Suscribirse a:
Enviar comentarios (Atom)
No hay comentarios:
Publicar un comentario