Quem já não ouviu falar das ama, as pescadoras de perolas, mergulhadoras extraordinarias que isoladas em ilhas remotas. na comunidade de pequenas aldeias, vivem a pobreza aventurosa, romantica e lotérica de arrebatar joias que as ostras escondem no fundo dos oceanos?
De Toba, talvez o mais aristocratico centro de lazer do Japão, fomos de carro, por estrada asfaltada, ha poucos anos recortada no flanco das montanhas, ao encontro da ilha das Pe-rolas. Inesquecivel trajeto.
Do continente (ou melhor, da ilha de Honshu) se cruza o braço de mar para a "Mikimoto Pearl Island" por uma passare-la-toldo de seus 200/300 metros. carpetada no piso, envidraça-da nos lados... depois de se comprar um ingresso e atravessar uma borboleta. Chega-se a um patio apedriscado, rodeado dc incaracterísticas construçoes ultramodernas, onde se destaca sobre um pedestal uma estatua de bronze de Kokichi Mikimoto, o inventor do processo dc cultivar pérolas.
A ilhia das Pérolas é um ilhote inteiramente urbanizado e ajardinado. que se abarca com a vista e mais parece simples ancoradouro. Procura-se para cá e para lá e chega-se a um salão enormc, onde, sentado em poltronas de vime, se olha o mar encostado as lundaçoes. De um pequeno balção a atenden-le nos pergunta em que língua desejamos ouvir a explicação do show das ama: inglês, trancês, espanhol, alemão, russo... — ou chinês?
— Show?
Faltavam 10 para as 4. As quatro em ponto, um barco cabinado e envidraçado se aproxima. Para a uns cinco metros de onde estamos. As ama, com suas camisolas brancas e óculos de mergulho, lançam ao mar seus cestos. Saltam, meia-dúzia delas, para o mar. Mergulham. Voltam a superficie, lançam nos cestos as ostras que colheram. Assobiam, tomam fôlego, voltam a mergulhar. Dez minutos após encerra-se o show, sobem de volta ao barco. Podemos reencontrá-las a saída, sob um rancho envidraeado, com camisolas brancas secas, trocadas, onde se acham a disposição para se deixarem fotografar com "os turistas".
Decepcionante? Não. Pior que isso. Mistificante. Das ama não sobrou senão o assobio pungente e nostálgico — "elegia do mar" — com que reequilibram o fôlego e, se diz, imploram graças aos deuses.
A saída. dirigimo-nos a um coffee-sbop. Continuamos de olhos arregalados. E sob nossos olhos, a jovero que nos prepa-ra um express tem nos sens gestos a precisão, a graça, a delicadeza de quem oficia uma cerimônia do chá.
Não. O Japão não se desniponizou. Continua, nos assobios das ama e na graça das garçonetes, para quem tenha olhos para ver e ouvidos para ouvir.
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